Caraos todaos,
Um colega, preocupado com a minha reputação, escreveu:
“Com todo o respeito, mas por amor à verdade, vai aqui uma correção:
‘Por falar em blog o do poeta Murilo é: (http://nasceres.blogspot.com/).’Axo que o autor ficará feliz com a sua visita!’
Acho
Atenciosamente,”.
Querido, não tenho mais cura, e nem quero ter e vou explicar as razões, que já eram para ter sido postas há muito tempo.
Antes, quanto o Murilo em aconselhou a esquecer um e-mail (o primeiro), o teor do “esquecido” é o seguinte:
“Caro Osório,
Sua iniciativa é prova de que você ainda não se rendeu à cultura da grande mídia -- cultura de fácil assimilação, mas que é vendida ao preço de nossas almas.
É com tristeza, por esse motivo, que assisto daqui à sua derrota – à derrota de um apreciador da boa literatura -- aos modismos derrotistas e à linguagem politicamente correta.
Faço menção, em especial, a seus e-mails na rede dos procuradores da República, escritos intencionalmente com erros de digitação e de grafia; e ao sucumbir à moda politicamente correta, de igualdade dos gêneros, de saudá-los com um "todos e todas" (como se "todas" já não estivesse incluído em "todos"). E, indo além, para fugir dessa "exigência", (faço menção) ao ter você cunhado a expressão antiestética, feia mesmo, "caroas todoas".
Isso tudo empobrece a linguagem, modifica arbitrariamente as formas e os conteúdos dos signos linguísticos que você utiliza. Perceba que a função essencial dos poetas é enriquecer a linguagem através de novas combinações entre forma e conteúdo que, uma vez consagradas, serão assimiladas pela sociedade Como dizia o poeta Bruno Tolentino, a função dos poetas é "dizer de um modo memorável".
Se você quer resgatar o gosto pela literatura, Osório, em especial pela poesia, certamente obterá mais frutos -- para o gozo dos apreciadores da arte -- se se mirar nos gênios universais da expressão e da escrita. É o que eu, cá em baixo, na minha quase insignificância literária, lhe sugiro.
Não costumo ler o "toda poesia". Acho que a seleção dos poetas – nas poucas oportunidades em que abri seus e-mails -- é muito pessoal e arbitrária. Perceba que essas razões são elas mesmas pessoais e arbitrárias. No fundo, acho que, nesse caso, é mesmo questão de gosto.
Toda forma de divulgação da boa poesia vale a pena -- se a alma não é pequena. Engrandeçamos nossa alma, então, Osório, dando a elas o alimento vigoroso e nutritivo da virtude e da beleza.
Saudações,”.
A resposta do Murilo (“há gosto para todos”), me deixou satisfeito, pois preserva o meu e o do meu interlocutor citado por derradeiro.
Mas volto ao tema. Vejam:
“Minha última viagem não foi boa, mesmo assim, ainda viajo”.
Qual a lógica (e a lógica, para alguns, inclusive o tal de Aristotéles, é a mãe da ciência! Embora outros digam que fixar a premissa, da premissa, da premissa, da premissa... leve ao infinito!), de viagem ser grafado com “g” e viajo com “j”? (tem n outros exemplos de ilogicidades, mas...).
Já tinha, há muito tempo, uma bronca do português. Do Manoel Joaquim? Não, do idioma, e sempre me insurgi contra o tal.
Depois tomei conhecimento da teoria da comunicação (importa se a comunicação cumpriu seu objetivo, não a forma como ela foi exposta!). Vejam a figura da placa de trânsito: “animais na pista”, por exemplo (abaixo). Te diz algo?
Já disse alhures: se aprendi um monte de besteiras durante a minha longeva vida de menino, por que não aprenderia mais algumas? No caso, regras de ortografia e gramática?
“Arco com as consequências dos meus atos, cada qual que arc/arque com as consequências dos seus!”
Depois conheci o livro “Preconceito linguístico”, de Marco Bagno! Foi o mel na sopa!
Vejam alguns trechos da obra do mestre:
... ideologia linguística dominante em nossa cultura — uma ideologia antibrasileira, repressora e autoritária, assumida e divulgada por gente que vê "erros" por todo lado e que acredita no mito da existência, num passado longínquo, de uma "época de ouro" da língua, quando todos falavam "certo" e ninguém "corrompia" a mística "língua de Camões".
... a crítica perde todo o seu efeito saudável quando se transforma em ataque pessoal e deixa explícito o sentimento da intolerância, a maior inimiga da humanidade em todos os tempos, e hoje mais que nunca.
e,
Com isso, quero deixar claro que a norma-padrão não faz parte da língua, isto é, não é um modo de falar autêntico, não é uma variedade do português brasileiro contemporâneo. Ela só aparece, e ainda assim nunca integralmente obedecida, em textos escritos com alto monitoramento estilístico, nos quais, porém, já é bastante significativa a presença das inovações linguísticas próprias da verdadeira língua dos brasileiros.
... Ninguém, portanto, na fala normal e espontânea (e mesmo na escrita monitorada)usa a forma prevista pela norma-padrão.
Em breve, a escrita eletrônica (estilo net) terá posto por terra todo o modo atual de escrever!
Até ontem, se grafava prohibido assim! Hoje, não mais.
Não esqueçamos que a “norma” padrão, como o próprio nome indica, é uma “norma”, imposta, portanto, por quem pode impor!
Se é uma imposição, ela é fruto de uma convenção e as convenções mudam!
Eu, particularmente, não tenho força para mudar, mas tenho força para protestar contra algumas coisas. É o que fasso!
Estas, pois, algumas das razões para o axo. Do gaúxo etc.
Mas vamos para outras paragens.
Estive no Rio Grande do Sul, mas precisamente em Bento Gonçalves! Que cidade linda! Que povo bonito e trabalhador!
Em Bento, o restaurante “Canta Maria” (cordeiro com polenta!) é divino e os vinhos...
E a sopa de capeletti? E o vinho Battistello? E o suco (Aliança) de uva branca? Hum!!!!!!!!!!!!! (profundo).
A viagem me serviu, também, para aumentar minha curiosidade sobre o gaúxo, que “é antes de tudo, um forte”!
(Antes que alguém se apresse, creio que o Euclides usaria também para os do Sul).
A moça, na estação da Maria Fumaça, me disse: “tem dois tipos de gaúchos”, quando tentava comprar um ímã de geladeira. Não entendi!
Ao ouvir os hinos do Rio Grande do Sul e de Bento Gonçalves me impressionaram duas estrofes:
......................
O precursor da liberdade
Mostremos valor constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra
De modelo a toda Terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra
.......................
(Hino do RS )
E,
.........................................
Bento Gonçalves querida,
Meu desejo é teu progresso
É ver-te de fronte erguida,
Altiva,
No tribunal do universo!
Meu desejo é teu progresso
É ver-te de fronte erguida,
Altiva,
No tribunal do universo!
..........................................
(HINO A BENTO GONÇALVES - CAPITAL DO VINHO)
Se “toda a terra” era pouco, vamos para o “tribunal do universo”!
Que gurizada com mania de pequenez, tche!
Comprei uma jaqueta de couro (manooooooo!) e veja a garantia:
É isso mesmo: tenho seis anos de garantia após 25.03 de 20.011 (vinte mil e onze)!
Ainda vou comprar! Isso é mais que de volta para o futuro!
Voltemos ao tema propriamente dito!
O José Roberto Alencar da Silva (PRR5), me diz:
“... Osório,
Apoio a continuação dos e-mails seja com o link ou não, o que levo bastante em conta são as introduções e os comentários. Demonstra muito a sua personalidade e de quem comenta, apesar de receber muitos "repasses" e dos bons, e quando não vem com comentários, perco o perfil de quem repassa, sei que é feito com carinho, por estar no rol dos amigos, mais sou amigo da pessoa e dos pensamentos expressos por ela.
Tenho dito a amigos meus, sobre certas educações que os pais transmitem aos filhos, talvez não seja "perfeita" mais é a única que eles recebem no engatinhar da vida, e ao crescer, descobrem que os pais dos amigos são mais "legais", eles devem diminuir o carinho que tem pelos próprios pais?
Assim é o respeito que tenho pelos meus amigos, amo pela sua personalidade, mesmo que me presenteiem com coisas boas (poesia, por exemplo), elas não substituem o ser - Osório -.
Banho-me com o amor
Inebrio com o amor
Transmito o amor
Mais não sou o amor
Leio histórias de amor
Pratico o amor.
Mais estou longe de ser o amor
Porque quando penso que estou amando de verdade
Sempre terá alguém infeliz por se sentir longe de mim
E só o Grande Amor pode estar com essa pessoa.
Pois foi ela que me fez amar.’
Ele fecha com: “Perdoe-me os erros.”!
Se eu pudesse, traduzia a palavra “carajo”, para dizer o quanto gostei do escrito e mandar para a casa do dito cujo os tais “erros” que o autor diz que existe e que eu não os vejo!
Será que “constranger homem/macho” é crime?
As palavras carinhosas do José Roberto Alencar da Silva me constrangeram, pois, sem falsa modéstia, não me creio merecedor. Mesmo assim, muitíssimo obrigado pelo simples grande carinho da leitura.
Outro escrito do “balakublaku” recebido na semana é da lavra do meu companheiro de “copo e de cruz” Ipolito Francisco Jorge (PRSP), diz:
“OLÁ NOBRE MENESTREL OSÓRIO.
Por maior que seja a evolução do mundo em todos os seus termos, a poesia sempre será simplesmente poesia, mesma poesia que antes de qualquer publicação é rascunhada bem à moda antiga, com lápis, esferográfica, com giz em algum lugar espontâneo, e as vezes, até com um caco de cerâmica ou afim, pois a verve do poeta eclode no momento mais inesperado e inusitado, e ele não pode deixar aquele momento cair no esquecimento, pois ela, a poesia, levará suas miríades de enlevos a todos aqueles que, de alguma forma, a acompanham e lhe tem apego, dissertará e discorrerá sobre tudo do passado; criticará, alertará, opor-se-á e até elogiará não só as loucuras, mas também a letargia e a sabedoria do presente, bem como continuará lançando as inúmeras interrogações no grande vestíbulo do futuro, com suas características próprias, despertando emoções, sentimentos de beleza, arte dos versos, das palavras harmoniosas, ritmos e imagens. Ela é e será sempre
ela, a senhora Poesia do Deleite, e é por tudo isso que você não pode parar de destacar pelo menos uma poesia semanal nos nossos ‘e-mail’, mesmo sabendo nós, do ‘Blog do Osório Barbosa’.
E como disse o nobre Dalai Lama: ‘Só existem dois dias no ano em que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto, hoje é o dia certo para acreditar, fazer, amar e, principalmente viver’. E a poesia faz parte do viver, e sendo assim, eu o conclamo:
‘Por isso na impaciência
Desta sede de saber,
Como as aves do deserto
As almas buscam beber...
Oh! Bendito o que semeia
Livros...livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar.’
(Castro Alves - O Livro e a América)”.
O colega Gildo, é autor do “Geografia dos quarenta anos”, abaixo. Depois de lê-lo, não vão cortar os pulsos, mas desde Aristóteles, acredito, vem se condenando a velhice por trazer consigo a fealdade.
O Gildo diz o que diz por não jogar futebol, pois, aí, o “poblema” se agrava: a mente manda fazer um coisa e o corpito faz outra diametralmente oposta! É triste!
Felizmente eu só tenho 15!
Fiz um mínimo reparo no texto do Gildo, troquei uma palavra erudita por “Bráulio”, ou poderia ser “bilau”, ou seja, troquei seis por meia dúzia! (quem desejar conhecer o original, “pida” ao autor, por não ser aqui uma casa de família).
Paro por aqui, já que meu coração tem uma hipertrofia!
“The end” de semana promete, por isso, aproveitem!
(Assisti um filme brasileiro, cujo nome não recordo, que termina com o famoso “The end”).
Abraços,
Osório
2 comentários:
Osório,obrigada pelos momentos alegres que tive ao viajar pelo seu blog.
Foi uma viagem divertida, tinha muitos dias que não sorria... por causa da tragédia no Rio.
Mas, hoje quando comecei a ler este texto divertido, não teve como conter o riso.
Você descreveu o passar dos anos com muita graça e versatilidade.Muita saúde e paz nos seus 40anos, eu já estou perto dos cinquenta e muito feliz com tudo.
abraços Fátima
Obrigado a você, Fátima, pela paciência de nos acompanhar!
Se conseguimos te alegrar, nosso objetivo está cumprido.
Esperamos poder continuar atendendo a esse fim.
Sorrir é sempre bom, pois demonstra o que somos: humanos, já que o homem é o único animal que ri.
Será que as tragédias existem para nos fazer olhar para nós mesmos? Os gregos para que tinha esse objetivo quando nos legaram as suas.
Até agora, a única coisa ruim que me trouxe a idade foi me aproximar do "último ato", nos mais me sinto muito bem (jovial, inclusive) nos meus cinquentinhas! E que bom que compartilhamos isso também.
Outros n'ocê!
Osório
P.S.: Veja, no link abaixo, que crônica legal sobre a tragédia de Realengo, a qual você se refere:
A dor da chegada.
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