Texto de Eduardo Galeano (As palavras andantes, LePM, p. 76)
Imagem: "Teimosos de Brasília", fotografados por Osório Barbosa

27.05.11

Caraos todaos,

Meu pai (não vão se cansar desse cara, pois ele já morreu! Ou seja, seu estoque de sabedoria, ou besteira, é finito!), tendo aprendido não sei com quem, dizia:

“O silêncio e o tempo são dois mudos que falam”.

Ouvi isso inúmeras vezes, mas, menino ainda, não sabia (sei) dar o devido valor. Agora quero propor o seguinte:

Certas coisas acontecem nas nossas vidas que nos trazem profundo sofrimento e dores (físicas e mentais) e, por isso, costumamos odiar aqueles que nos causam tais sofrimentos. Nada mais humano, parece.

Passado um tempo (quando este começa a falar), começamos a ver as coisas por outros ângulos até então inexplorados (sob outro enfoque) e vemos que, aquele que, então, nos causou profundo sofrimento, na verdade, nos fez um grande favor!

Engraçado isso!

O tempo tudo transforma, mesmo! Às vezes, como estou querendo lhes dizer, até a coisa (o mal) no seu oposto!

Passamos a dar risada de quanto fomos bobos!

Como não vimos o que ora se nos apresenta tão claro!

Se tivéssemos coragem mesmo, deveríamos nos dirigir ao antigo “inimigo”, abraçar-lhe e pedir-lhe perdão, por pelo menos, termos desejado seu mal, também.

É claro que, quando estamos vivendo nosso inferno astral e a dor é lancinante, sofremos de verdade e nada irá repor aqueles que poderiam ter sido belos momentos vividos, mas, o importante, é que passou e estamos prontos para o futuro!

O diabo vem, o diabo vai!

Assim, sempre que puder, agradeça a quem lhe faz o mal, e aposte que o tempo, senhor de todas as coisas, um dia lhe dará razão.

É uma das formas de ficarmos bem conosco mesmos, e essa sensação não há cartão de crédito que pague.

Recebi este poema com o seguinte encaminhamento: “O meu homem perfeito é como esse rato... e mesmo não sendo perfeita, eu sou a ratinha eleita”.


Abraços,
Osório