Armas?



Armas?

que armas vós pensais

que tereis contra

vossos amores?



que armas vós pensais

em terçardes contra

vossas amadas?



advirto-vos

podeis conhecer de longe

vossos inimigos

podeis deixar ao largo

vossos temores

mas não podereis fugir

de vossos amores



podereis saber de antemão

onde descansa à noite

o maior de vossos adversários

onde se esconde

o maior de vossos medos

mas não sabereis nunca

até que chegue a hora

informação nenhuma

de vossos amores



antes o olhar mais terrível

do inimigo mais irado

que aquele olhar

entre meigo e atrevido

que parece dizer-vos

quero-vos mas não ainda



antes o braço mais poderoso

do oponente mais forte

que aquelas curvas de carne

insinuadas entre véus

que parecem dizer-vos

seremos vossas

mas não ainda



antes a tortura mais insidiosa

do mais ardiloso rival

que a incerteza dos caprichos

dos amores que serão vossos

mas não o sabeis

nem a hora do dia

nem o local do encontro



contra vossos amores

não há armas nem telas

nem escudos

que vos protejam



Autor: Cícero Pujol.
Imagem por asselbande

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