Caraos todaos,

“Não tenho compromisso com o erro”
(não sei quem é o autor. Me disseram que é JK).

“Não é triste mudar de idéias, triste é não ter idéias para mudar.
(Barão de Itararé)

Fixadas as premissas acima, vamos ao assunto propriamente dito.

Como lhes disse na semana passada eu iria, a partir de hoje, enviar apenas o link do blog onde passei a publicar as poesias semanais da sexta-feira.

Não disse que era questão fechada, até porque todo conhecimento humano ainda está em aberto, quem sou eu para querer fechar algo.

Alguns de vocês protestaram contra a iniciativa, não de criação e manutenção do blog, mas de postar apenas o link. Vejam, por todos, a carinhosa e explicativa mensagem do Olavo:

“03/18/11 3:53 pm
Fala Dr.,
Dá gosto de ver como a poesia traz inspiração à sua vida...
Tenho certeza de que traz mais deleite do que o próprio Direito. Conversas em que o Sr. deixa o pensamento levar para longe, fazendo com que seus olhos se encham de lágrimas e emoção não negam. A sua poesia e a sua filosofia... suas amigas. Como não gosto muito desse dualismo de "meu" e "seu", "eu" e "você" (aprendi a não gostar disso com a filosofia oriental, muitas vezes ignoradas aqui no ocidente) ainda mais quando se trata de cultura, podemos dizer que a poesia que nos traz aqui e a filosofia que leva às salas de aula (quando dá na telha lecionar) são de todos.
A idéia do Blog é muito interessante por alguns motivos:

  1. O layout - o formato, as cores, a cara da página - é bem convidativo. É mais agradável ler o texto bem formatado e com o fundo de céu azul cheio de estrelinhas do que em nosso pobre e-mail institucional - com essa letra sem graça e a cara "básica" da mensagem. Para as pessoas que têm bastante interesse em acompanhar a poesia semanal, com certeza foi uma mudança maravilhosa.
  2. O tempo passa, as poesias das semanas passadas ficam. O blog deve ter bastante "espaço" para suportar anos e anos de poesia. Assim, ninguém precisa reservar espaço da caixa de correio para guardar as poesias ou fazer um arquivo pessoal. Basta um clique e tudo que já foi passado está ao alcance do leitor.
  3. O uso de imagens é bem mais fácil e agradável no blog. Como exemplo, a imagem de Castro Alves no "post" do "Dia da Poesia". Nosso e-mail é uma tremenda porcaria para mandar imagens.
Aliás, analisando bem esses três pontos, a idéia do colega foi genial!!!
ENTRETANTO, não vim aqui apenas elogiar!
Não concordo com a idéia de mandar apenas o link às sextas-feiras, deixando de colocar a poesia na mensagem. Explico...
  1. Não sei se o Senhor se recorda, mas fizeram isso com o Clipping Jornalístico que recebíamos no Group Wise. Eu adorava receber, diariamente, a coletânea das notícias mais importantes do mundo! Que maravilha! Era só um clique e estava tudo ali, no nosso humilde e-mail! De repente, resolveram tirar o nosso "jornalzinho" da mensagem e colocá-lo em uma página da intranet. Ok, nós ainda recebemos o link, mas eu tenho certeza de que, se fizermos uma enquete aqui, vamos descobrir que muitos deixaram de ler as notícias por isso. Claro, você abre a mensagem e só tem um link sem graça, nada atrativo. Aquilo não "desperta", não chama a mesma atenção do que uma manchete que salta à tela ao abrir da mensagem. Ademais, se o destinatário do e-mail estiver um pouco ocupado, pode se sentir perdendo um baita tempo abrindo uma página diversa na internet.
  2. As pessoas que não têm TANTO interesse em poesia, mas que poderiam ter esse interesse inflamado pelas poesias semanais, podem ter preguiça (isso mesmo... preguiça! Nada mais comum na era da internet) de abrir um link externo. Os novos colegas, que forem chegando amanhã e depois, também não saberão o que é o "POESIA: deleite-se ou delete-me". A maioria deles, provavelmente, não estará habituada a ler poesias e deve ignorar o pequeno link azul... O Senhor poderia, aos poucos, semear esse hábito nessas pessoas, como sempre fez, com a comodidade das mensagens no e-mail institucional. O que eu quero dizer é que é mais fácil recrutar novos amantes da poesia através do e-mail.
Assim, a minha sugestão, com todo o respeito, é claro, é a seguinte:
A idéia do blog é genial e deve ser mantida! Os mais apaixonados o abrirão todas as semanas para aproveitar as imagens, o fundo agradável e a formatação perfeita dos textos para acessar as poesias. Contudo, acho que não custa nada manter a poesia no corpo da mensagem, para que novatos e preguiçosos leiam e o Sr. consiga continuar levando o interesse nesse tipo de cultura a todos.
E PARE DE PENSAR QUE O PREGUIÇOSO SOU EU! Eu abri o link e li os "posts".
De qualquer forma, é só um ponto de vista, uma sugestão... EU vou continuar a ler, acompanhando o blog, até porque, como eu disse, gostei muito do layout e a leitura ficou mais agradável.
Um abraço,
Olavo.“

O Olavo está prenhe de razão!

Quando ele diz:

“1 - Não sei se o Senhor se recorda, mas fizeram isso com o Clipping Jornalístico que recebíamos no Group Wise.

Eu adorava receber, diariamente, a coletânea das notícias mais importantes do mundo! Que maravilha! Era só um clique e estava tudo ali, no nosso humilde e-mail! De repente, resolveram tirar o nosso "jornalzinho" da mensagem e colocá-lo em uma página da intranet. Ok, nós ainda recebemos o link, mas eu tenho certeza de que, se fizermos uma enquete aqui, vamos descobrir que muitos deixaram de ler as notícias por isso. Claro, você abre a mensagem e só tem um link sem graça, nada atrativo. Aquilo não "desperta", não chama a mesma atenção do que uma manchete que salta à tela ao abrir da mensagem. Ademais, se o destinatário do e-mail estiver um pouco ocupado, pode se sentir perdendo um baita tempo abrindo uma página diversa na internet.”

Eu senti o mesmo desânimo. Não protestei em nome da “mudernidade” que encanta a todos, eu nem tanto, mas perdi o tesão pelo clipping!

Mas, como o blog não é meu, no máximo produzido a quatro mãos, submeti os protestos ao Murilo, que disse:

“Sobre o primeiro e-mail é melhor nem comentar - poesia é também criatividade, inovação, e pronto. Se o leitor prefere outro tipo de texto, há para todos os gostos.

Quanto aos dois e-mails que pedem a manutenção dos textos por e-mail, concordo que seria uma boa ideia. Assim o blog fica mantido como um local de memória e divulgação da poesia para além do MPF, e o e-mail continuaria como um saudável presente das sextas-feiras.

Abração”.

Aprovado por quem sabe e decide, manteremos os textos no corpo do e-mail, mas com a indicação do blog.

Por falar em blog o do poeta Murilo é: (http://nasceres.blogspot.com/). Axo que o autor ficará feliz com a sua visita!

Bethânia em show em no Citibank Hall - SP/2010


Já que assunto é blog, vejam sobre a confusão do pretendido por Maria Bethânia:

SÃO PAULO - Criou-se um escarcéu em torno do blog de poesia de Maria Bethânia. Pessoas reagem com fúria indignada ao fato de que a cantora foi autorizada a captar R$ 1,35 milhão pela Lei Rouanet -segundo a qual as empresas abatem do imposto que pagam a parcela do seu "patrocínio" à cultura.
Parece, pelo menos à primeira vista, sem conhecimento detalhado do projeto, um valor bem elevado para um blog. Mesmo considerando que os personagens envolvidos sejam Bethânia e o diretor Andrucha Waddington. Até aí eu vou.
Não dá, porém, para embarcar na escandalização barata do episódio, ainda acompanhada pelo prazer grupal de promover o linchamento da artista. Ninguém desviou dinheiro público, não há, rigorosamente, nenhum crime, nenhuma ilegalidade no pleito de Bethânia.
Favorecimento? A lei existe e uma das maiores intérpretes do país busca se beneficiar dela. Não estamos falando de uma espertalhona, de uma charlatã ou de uma mercadista vulgar, mas de alguém, pelo contrário, cuja figura sempre esteve associada a uma atitude de recato e nobreza de espírito.
Devemos discutir os critérios e problemas da Lei Rouanet? Sim, mas não dessa forma, sensacionalista e hipócrita. A própria ministra, Ana de Hollanda, disse numa entrevista recente: "As pessoas vivem muito de produzir eventos pela Lei Rouanet. A lei foi criando certos vícios, não só no mundo artístico, mas também no das empresas".
A reação ao blog de Bethânia, nos termos em que se deu, é, no fundo, só mais um capítulo de um certo macarthismo chulé que vem ganhando expressão no país. A caça às bruxas é capitaneada por uma direita cultural hoje bem estruturada na mídia, quase sempre maledicente e escandalosa As baixezas contra Chico Buarque em função do Jabuti são o caso recente mais emblemático do modo de agir dessa tropa do ressentimento fantasiada de exército da salvação da moral e dos bons costumes.
(Blog e macarthismo, por Fernando de Barros e Silva, FSP, 19.03.11),

A mesma Folha de SP, em editorial de 20.03.11, diz:

“Não precisa
Como é costume nas polêmicas pela internet, ataques de cunho pessoal foram desfechados contra a cantora Maria Bethânia, após a aprovação, com base na Lei Rouanet, do seu projeto para criar um blog com declamações de poesia.
Ao custo de R$ 1,3 milhão, a estrela da MPB participaria de videos diários de 60 segundos. Eles seriam dirigidos pelo cineasta Andrucha Waddington e veiculados pela rede de computadores.
O episódio traz à tona problemas que seria mais correto abordar de modo amplo. Dizem respeito -e não é a primeira vez que isso acontece- ao modo com que se aplicam os mecanismos de incentivo à cultura no país.
Oficialmente, o Ministério da Cultura não destinou a quantia (por certo exagerada) de R$ 1,3 milhão para o blog de Bethânia. Apenas autorizou que os idealizadores do projeto captassem, junto à iniciativa privada, tal montante.
O argumento, que os meios oficiais repetem em prosa e verso, é todavia enganador. O investidor privado consegue ampla isenção fiscal quando aplica dinheiro pela Lei Rouanet. Segundo declarou em 2009, numa sabatina à Folha, o então ministro da Cultura, Juca Ferreira, "nove entre dez empresários só trabalham com 100% de renúncia fiscal".
É o próprio contribuinte, portanto, quem termina pagando pelos projetos patrocinados - os quais, por sua vez, facilmente revertem em prestígio e propaganda para quem os financiou. Diminuir o teto das isenções seria, assim, um aperfeiçoamento bem-vindo na Lei Rouanet - que tem, sobre o investimento direto do governo na cultura, a vantagem de evitar o dirigismo estatal.
Os recursos do contribuinte não devem, ademais, ser utilizados no financiamento de projetos de artistas conhecidos, perfeitamente viáveis sem ajuda do Estado.
A Lei Rouanet faz sentido quando empresas se dispõem, por exemplo, a arcar com os custos de preservação do patrimônio histórico, ou com atividades formativas como a abertura de bibliotecas ou cursos de educação artística.
Nesse critério não se inclui o blog de Bethânia, intitulado "O Mundo Precisa de Poesia". De poesia, todo mundo precisa. Da Lei Rouanet, nem todo mundo - nem tanto assim.”

Como sou generoso, só me resta apresentar o Murilo Hildebrand à Maria Bethânia, ou vice-versa! A cantora estará bem servida também por este excelente profissional do bom gosto (e xega, pois senão, os maledicentes, vão dizer que estou apenas soprando. É que ainda não me viram batendo!).

Que “O mundo precisa de poesia”, nós, aqui, não duvidamos, só falta acertar o preço!

[P.S. antecipado: Já tinha escrito o acima quando li o comentário do Lobão dizendo que não é contra o blog da cantora, nem contra o valor autorizado, mas ao fato de os beneficiários de tais autorizações do MinC serem sempre as mesmas pessoas! Faz sentido. Outra coisa que fiquei sabendo é que a cantora, da verba, levará para si própria e mesma, a quantia de R$ 600.000,00 (Seiscentos mil reais)! Isso mesmo! 600 mil! Então o blog não é dela, mas em homenagem a ela? Como posso cobrar cachê de um negócio que é meu? Sei lá, mas, agora, parece que, sendo assim, o negócio ficou meio feio. Não vou mais apresentar o Murilo! A não ser que a grana do contribuinte vá para ele administrar. Isso se ele aceitar.].

Por ter citado, na semana passada, sobre o contágio causado pela poesia, me lembrei do Quixote, quando o padre, o barbeiro e a sobrinha do Cavaleiro de La Mancha estão queimando seus livros e travam o seguinte diálogo:

“Como eram muitos [os livros], caiu-lhe um aos pés do barbeiro. Este teve apetite de ver o que seria, e viu que dizia: História do famoso Cavaleiro Tirante el blanco.

— Valha-nos Deus! — disse o cura em alta voz — Pois temos aqui Tirante el blanco? Dai-mo cá, senhor compadre, que faço de conta que nele achei um tesouro de contentamento, e mina para passatempos. Aqui está D. Kirieleison de Montalvão, valoroso cavaleiro, e seu irmão Tomás Montalvão, e o cavaleiro Fonseca, e a batalha que o valoroso Detriante fez com o alano, e as agudezas da donzela Prazer-de-minha-vida, com os amores e embustes da viúva Repousada, e a senhora imperatriz enamorada de Hipólito seu escudeiro. A verdade vos digo, senhor compadre, que em razão de estilo não há no mundo livro melhor. Aqui comem e dormem os cavaleiros, morrem nas suas camas, e antes de morrer fazem testamento, com outras coisas mais que faltam nos livros deste gênero. Com tudo isto vos digo que o ladrão que o fez, que tantos destemperos juntou sem necessidade, merecia ser metido nas galés por toda a vida. Levai-o para casa, e lá vereis se não é certo o que vos digo.

— Assim será — respondeu o barbeiro — mas que se há-de fazer destes livrecos pequenos que ainda aqui estão?

— Estes — disse o cura — não hão-de ser de cavalarias, mas sim de poesia.

E abrindo um, viu que era a Diana de Jorge Montemaior, e disse (crendo que todos os mais eram do mesmo gênero):

— Estes não merecem ser queimados como todos os mais, porque não fazem, nem farão, os danos que os de cavalarias têm feito; são obras de entretenimento, sem prejuízo de terceiro.

— Ai senhor! — disse a sobrinha — bem os pode Vossa Mercê mandar queimar como aos outros, porque não admiraria que, depois de curado o senhor meu tio da mania dos cavaleiros, lendo agora estes se lhe metesse em cabeça fazer-se pastor, e andar-se pelos bosques e prados, cantando e tangendo; e pior fora ainda o perigo de se fazer poeta, que, segundo dizem, é enfermidade incurável e pegadiça.

— É certo o que diz esta donzela — observou o cura — e bom será tirarmos diante do nosso amigo este tropeço e azo. Começamos pela Diana de Montemaior. Esta sou de parecer que se não queime, bastando tirar-se-lhe tudo que trata da sábia Felícia, e da água encantada, e quase todos os versos maiores, e fique-lhe muito em paz a prosa, e a honra de ser primeiro em semelhantes livros.”

“... o perigo de se fazer poeta, que, segundo dizem, é enfermidade incurável e pegadiça.”!

Só mesmo Cervantes!

Esse povo de Jaraguá!

Esse tal de Dr. Hellyton!

Vejam:

“Boa tarde, Osório

Sou Dannylla, moro em Jaraguá interior de Goiás
E espero ansiosa tda semana para ver as suas poesias
me deleito.

Quem me apresentou foi uma amigo especial (Hellyton Carvalho, que trabalhou no ministério público federal) que tem muito carinho e admiração pelo senhor.

Adoro as histórias e gostei em especial da professora q o senhor encontrou em Bsb.

Fiquei imaginando cada palavra.

Acho q no mundo deveriam ter aos montes pessoas (CENSURADO) que leva leveza, poesia, críticas atuais, e a beleza das palavras.

Então, se puder me dar um pouquinho de beleza e encanto
gostaria de poder receber as suas mensagens
que são tão esperadas.

Obrigada
Que Deus o abençoe

Dannylla Martins”

A Dannylla ainda colaborou com um dos poemas abaixo!

Brasília, nessa última viagem, me deixou mais encantado do que de costume: bons livros, boa comida, boa bebida (tudo tem também em Sampa), bons amigos... esses são únicos em qualquer canto (lugar). Dentre os amigos da poesia tive a alegria de rever o colega Francisco de Assis Vieira Sanseverino, jovem gaúcho promovido recentemente para a capital da República. A ele, em especial, os poemas de hoje!

Que o findi seja esplendoroso!

Abraços,
Osório
Imagens  por  Svilen Milev, Augusto Gomes, e BR0WSER

Nenhum comentário: